30/04/2009

Post-it

(como é que foi parar à impressora e se colou ao papel fotográfico é que se tornou o mistério de uma tarde de trabalho!)

Feira do Livro em Abril? Águas mil...

Não me parece que a chuva tenha igual efeito nas Feiras e nos Casamentos; casamento molhado, casamento abençoado; feira molhada, feira azarada... Mas o que é que esperavam em Abril? Também há umas curiosidades novas, um stand com bookcrossing ou troca de livros, com edições em braille, línguas estrangeiras, fundos de várias instituições, a descobrir! Horários alargados para as horas do almoço e a fechar às 20h30m (Ohhhhh!...), durante os dias da semana, exceptuando as sexta-feiras. Não compreendo muito bem esta politica de esticarem horários para a hora do almoço, quase sempre passadas a correr e vocacionadas para a mastigação para poder carburar à tarde, e encerrarem mais cedo quando a boa tradição convida a um passeio digestivo a seguir ao jantar! Felizes ficaríamos se fosse só a somar, horas do almoço+ jantar+serão, os lisboetas sempre tiveram uma inegável tendência noctívaga, para quê negar a realidade? Ou será o medo da desertificação do interior da cidade? Quanto menos actividades houver menor será o fluxo das gentes, La Palisse! Quanto aos pavilhões novos...tenho as minhas reservas, mas não há como S. Tomé, ver e tocar para acreditar (neste caso!), depois de ter visto a tão badalada praça da Leya e os seus novos pavilhões do ano passado, as expectativas são baixas...On verra!
Vamos a ela, à passeata, aos livros, aos gelados, farturas e churros!
A programação está disponível em feiradolivrodelisboa.pt E já agora, os livros do dia, não?

Por ti

Ian McEwan está de volta, Por Ti, é a sua última obra publicada pela Gradiva (comme d'habitude), que podemos já, já, hoje mesmo, para abrir as hostilidades, adquirir na sempre aguardada estreia da 79ª edição da Feira do Livro de Lisboa no Parque Eduardo VII. O último, Na praia de Chesil, não me encantou particularmente, a dissecação à lupa, de um paradigmático e já anacrónico casal anterior à revolução sexual, vista do interior da tão sonhada e temida noite de núpcias (o que é isso?), do seu relacionamento amoroso, colocando-nos na perspectiva um pouco voyeurista de quem entra na intimidade e para dentro do quente dos lençóis, foi para mim interessante, mas um pouco enjoativo. Desta vez, não sei muito bem o que iremos encontrar... Um Libreto? Uma experiência nova? Não sei porquê, vem-me imediatamente à memória Amsterdão, oxalá seja um sinal indiciador...

29/04/2009

Burning down the House

..."À hora marcada o cantor escocês entrou em palco, impecavelmente vestido de branco, bem como a sua banda, composta por sete elementos. Nos primeiros minutos Byrne demonstrou uma atitude descontraída, com leves toques de humor, o que desde logo prendeu a audiência. Quando ao segundo tema da noite recuperou o legado dos Talking Heads, com três bailarinos (também de branco) em palco, desde logo se percebeu que este seria um concerto onde a memória do grupo a que Byrne pertenceu não seria esquecida. A presença dos bailarinos foi constante ao longo do espectáculo, o que acabou por se revelar numa brilhante ideia, pois não trouxe só dinamismo, como deu uma nova ideia estética às canções que David Byrne e Brian Eno assinaram em conjunto. A noite de ontem acabaria por se tornar algo entre o concerto e o espectáculo performativo, com os bailarinos a interagirem constantemente com Byrne e o seu grupo, revelando o cantor um fulgor criativo que poucos músicos da sua geração ainda mantém. O concerto ficou marcado pelo registo best of, com um alinhamento que se dividiu entre os novos temas, alguns dos mais emblemáticos dos Talking Heads e, surpreendentemente, dois temas de My Life in the Bush of Ghosts, de 1981, o primeiro disco que assinou a meias com Brian Eno, onde as vozes são somente samples (que em palco foram substituídos pelas vozes de Byrne e um coro de três membros). A certa altura as cadeiras que preenchiam o Coliseu foram esquecidas pelos fãs mais acérrimos que queriam ver de perto David Byrne e a partir de então a maioria que enchia a sala lisboeta não mais se sentou. Foi sob esta euforia que receberem Burning Down the House, já no encore, com todos os músicos em palcos (Byrne incluído) envergando um tutu de ballet para espanto de todos."...como eu disse, impossível ficar nas cadeiras...

26/04/2009

"Ser racional não é separarmo-nos das nossas emoções. O cérebro que pensa, que calcula, que decide, não é diferente daquele que ri, que chora, que sente prazer e repulsa. A ausência de emoções e de sentimentos impede-nos de sermos verdadeiramente racionais."

António Damásio, médico neurologista

25/04/2009

25 de Abril

Cartaz de Vieira da Silva

Tão Longe, Tão Perto

... não apenas hoje, mas todos os dias, desde há quatro anos!

23/04/2009

Canonização do Beato Nuno de Santa Maria

S. FREI NUNO DE SANTA MARIA- UMA HISTÓRIA DE PORTUGAL por JaimeNogueira Pinto
Nascido a 24 de Junho de 1360, em Cernache do Bonjardim, Nun’Álvares morreria frei Nuno de Santa Maria no convento do Carmo em Lisboa, a 1 de Abril de 1431. Quisera ser simples donato no convento que mandara construir, despojando-se de tudo e dedicando-se à oração e aos pobres da cidade. Fora um grande estratega, mas também um combatente no terreno. Aplicara na guerra peninsular os ensinamentos tácticos da batalha de pé em terra: cavalaria desmontada, archeiros e besteiros nas alas, formação cerrada ao modo da falange antiga, numa carapaça móvel – e impenetrável – de escudos e lanças. Seguro nas convicções da sua luta, cuidava bem da parte técnica - informação, comando e controlo, escolha do terreno, ordem de batalha. E assim vencera os Atoleiros, Aljubarrota e Valverde nos anos decisivos para a independência de 1383-85. Se somos hoje independentes, se há Portugal e há portugueses, é porque estes homens – príncipes, nobres, burgueses, clérigos, povo miúdo – estiveram ali, da revolução de Lisboa de 1383 até à tarde de 14 de Agosto de 1385 em Aljubarrota, com a sua coragem e o seu medo, a sua esperança e a sua cólera, a sua fé e a sua raiva. E com as bandeiras, as espadas, as lanças, os arcos, os escudos. Nun’Álvares – agora S. Frei Nuno de Santa Maria – esteve com eles, ao seu lado e à sua frente. Como está hoje connosco e com Portugal. Semanário EXPRESSO, 28-03-09
Vale a pena ler o artigo na íntegra. Mas acima de tudo, é importante aderir de alma e coração à celebração deste acto solene tão interessante como raro de uma figura apaixonante e modelar da nossa história. Não compreendo que tipo de sentimentos inspiram a negação da importância da ocasião, vamos negar as mais belas figuras da nossa história a troco de uma obsessão laicista? O porquê desta intolerância a tudo o que está ligado à fé católica...! Que tipo de ditadura é esta? Não são os valores representados por Nun’Álvares património de todos? Coragem, inteligência, lealdade, altruísmo, bondade? Seria pelo contrário, uma oportunidade de ouro para despoletar o estudo deste período, e passar aos nossos filhos este património que só os fará crescer com orgulho no seu país. Para os crentes como eu, a ocasião tem uma alegria redobrada mas creio que ficaria igualmente feliz se não o fosse, porque sou portuguesa e amo o meu país. Aos interessados, Vigília em Lisboa na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, neste Sábado dia 25 de Abril pelas 21h30 em vésperas da Canonização e uma Missa de Acção de Graças, na Igreja de Santo Condestável, no dia 10 de Maio.

22/04/2009

Hoje, dia mundial da Terra

Porque nos toca a todos, como habitantes, mas também como técnicos, como artistas e porque não como clientes...

3 exemplos de Arquitectura Verde

Quai Branhy Museum, Jean Nouvel

Maccaroni Club, Giovanni D´Ambrosio

School of Arts, Design and Media, CPG Consultants

Fonte : arquitectura-sistentável.blogspot.com

Mais uma vez, não resisto...

Maria Bethânia - Cântico Negro (1982) É esta a versão que me toca mais fundo...

E por João Villaret

http://www.youtube.com/watch?v=OexuXLZcHkY

21/04/2009

Tropeço neste poema e a nostalgia assola-me. Estamos em Ofir a noite vai longa, no rádio ouvimos Mário Viegas a declamar este poema.Ficamos com "ganas" de transgredir, desobedecer, desalinhar, de não ir por ali.Os meus passos trouxeram-me aqui.

(Poemas de Deus e do Diabo)José Régio Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.-
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou -
Sei que não vou por aí!

Não resisto...

Quem pode resistir? Na expressão incomparável da voz de Jobim. É um mano a mano Vinicius e Jobim.

eu sei que vou te amar
por toda a minha vida eu vou te amar
em cada despedida eu vou te amar
desesperadamente eu sei que vou te amar
e cada verso meu será pra te dizer
que eu sei que vou te amar
por toda a minha vida
eu sei que vou chorar
a cada ausência tua eu vou chorar
mas cada volta tua há de apagar
o que essa ausência tua me causou
eu sei que vou sofrer
a eterna desventura de viver
a espera de viver ao lado teu
por toda a minha vida

19/04/2009

Atrás do vulcão e três pinturas semi-amestradas

"O lado de cá do vidro, a superfície que não está pintada mas que é virada para nós (uma vez que o artista pinta do outro lado, sendo que a primeira camada que vemos seria a última, a mais visível, num processo tradicional, cria uma barreira e uma espécie de silêncio entre as coisas dadas a ver a quem olha." Leonor Nazaré sobre Gil Heitor Cortesão Na galeria Pedro Cera em Lisboa até 30 de Maio. A não perder.

18/04/2009

Peter Zumthor é o vencedor do Priztker 2009

"A arquitectura não é um meio ou um símbolo para coisas que não são da sua essência. Ora, se nos encontramos numa sociedade que celebra o que não é absolutamente fundamental, a arquitectura pode ser como uma resistência, mitigando a perda de formas e significado e expressando-se na sua linguagem única".
Peter Zumthor
fotos das Termas de Vals, Suiça 1997 e de Peter Zumthor, rapinadas de vários sítios do Google

" A solidão...

"Mattia pensou que não havia nada de belo em ter uma cabeça como a sua. Que de boa vontade a desenroscaria para a substituir por outra, ou também por uma caixa de biscoitos, desde que estivesse vazia e fosse leve. Abriu a boca para responder que sentir-se especial é a pior das gaiolas que alguém pode construir em seu redor, mas acabou por não dizer nada."

...dos números primos" de Paolo Giordano

15/04/2009

"kiss"scout niblett featuring bonnie 'prince' billy

And darling take my hand, And lead me through the dawn. Let's kidnap each other, And start singing our song,

14/04/2009

A propósito da Idade

Os quizz´s do facebook deram-me ligeiramente mais idade do que a real, à partida não parece existir nada de bom neste facto, mas existe, este poema que um amigo partilhou comigo :

WHEN you are old and gray and full of sleep
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look,
Your eyes had once, and of their shadows deep;

How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true;
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face.

And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how love fled,
And paced upon the mountains overhead,
And hid his face amid a crowd of stars.

William Butler Yeats

13/04/2009

Males da modernidade.

" ... fui à janela indagar da noite por que razão os sonhos hão de ser assim tão ténues que se esgarçam ao menor abrir de olhos ou voltar de corpo, e não continuam mais. A noite não me respondeu logo. Estava deliciosamente bela, os morros palejavam de luar e o espaço morria de silêncio. Com eu insistisse, declarou-me que os sonhos já não pertenciam à sua jurisdição. Quando eles moravam na ilha que Luciano lhes deu, onde ela tinha o seu palácio, e donde os fazia sair com as suas caras de vária feição, dar-me-ia explicações possíveis. Mas os tempos mudaram tudo. Os sonhos antigos foram aposentados, e os modernos moram no cérebro da pessoa." Machado de Assis em " Dom Casmurro". Em momentos como este é que percebo o terrivelmente conservadora que sou. Quero de volta a ilha dos sonhos e dos amores.

10/04/2009

Nostalgia II

08/04/2009

"Mankind Is No Island"

Este filme é muito mais do que um filme sobre os sem abrigo. Toca-nos bem fundo, no lugar onde guardamos os afectos, os que (não) damos e os que (não) recebemos. Depois de um Gran Torino tocante, só mesmo isto para me fazer abrir a torneira e verter água, da grossa!

01/04/2009

Revelação