16/10/2009

O Filipa de Lencastre e a falta que faz a Gudrun*

58º lugar - Filipa de Lencastre
62º lugar - Pedro Nunes
110º lugar - Maria Amália
125º lugar - Rainha D. Amélia
127º lugar - Liceu Camões
Sinto-me envergonhada e um pouco chocada com as prestações dos clássicos liceus de Lisboa no Ranking das escolas Secundárias. Não, não é possível que seja um mero acaso que os colégios privados estejam no top ten do ensino consecutivamente ao longo dos anos, com raríssimas e honrosas excepções. Falta identificar as causas e agir, mas a falta de brio e a ausência de um corpo coeso e empenhado de professores conjugado com a falta de direcção - a ideia que tenho, é que hoje em dia ficar na direcção de uma escola, não é uma honra mas uma tarefa penalizante para a maioria dos professores, porque será? A culpa não pode estar toda no Ministério da Educação. A minha experiência diz muito mal do apoio aos alunos, a existência de uma sala de estudo com apoio de professores quando sai do bonito do papel, revela-se um verdadeiro flop, fora alguns professores que por carolice se dispõem a ajudar o aluno, os miúdos quando passam para o secundário ficam bastante perdidos. Nos colégios privados passa-se só o inverso, salas de estudo à séria, testes e mais testes de preparação, professores com atenção individualizada e pais chamados a colaborar. Nunca pensei dizê-lo quanto mais pensá-lo, saudades da professora Gudrun!
* A professora Gudrun foi a dama de ferro que conduziu brilhantemente os destinos do Filipa de Lencastre durante o tempo que lá andei, anos oitenta.

3 comentários:

Teresa disse...

Sofia, é tristemente verdadeiro o que escreveste aqui, mas fiquei a pensar:

Não era já assim no nosso tempo? Andámos lá mais ao menos na mesma altura e ao contrário de ti eu não me lembro da professora Gudrun..., nem de alguma vez ter tido (ou conhecimento de quem tivesse) apoio individualizado. Salas de estudo acompanhado então... se as havia passaram-me ao lado!

Pelo contrário, no ensino básico vai sendo feito algum esforço, tenho que reconhecer! Pode, nem sempre ser o suficiente, mas tenta-se, com os recursos existentes, encaminhar e preparar os alunos pra os desafios futuros.

Este ano notam-se algumas diferenças com novidades de prémios e quadros de honra para os melhores (tentativa de aproximação a medidas de estimulo que já existem nos privados... vamos ver como correm aqui)

Por fim, a maior parte das situações que conheço são as de crianças que fazem o básico (e às vezes o preparatório) no privado, e depois vão fazer o secundário no público. Existem, inclusivé muitos colégios privados que não têm o secundário. Talvez, digo eu, por já se achar que aos 12 anos uma criança já deve ser suficiente estruturada e ter adquirido hábitos de estudo para ser mais autónoma...

Enfim, não digo que, como encarregados de educação devamos baixar os braços e contentarmo-nos com o pouco que, às vezes e quando as situações são mais complicadas de gerir, temos. Mas a verdade é que não acho que a diferença entre o actual e o nosso tempo, seja assim tanta!!

sophia disse...

A minha reflexão parte apenas da leitura do ranking das escolas secundárias( que obviamente não existia no nosso tempo)e da "cagança" que havia neste conjunto de liceus de Lisboa. Hoje os tempos são muito mais competitivos como sabemos, a escola tem que acompanhar a mudança, não comparo com o meu tempo a não ser no claro empenhamento e brio que existia na altura e que hoje infelizmente não reconheço. No nosso tempo havia duas faculdades de arquitectura e uma privada a iniciar, hoje há mais de duas dezenas e a exigência de preparação tem que ser outra. Não estou a falar do ensino básico.

Teresa disse...

Eu percebi que não estavas a falar no básico e concordo contigo - os tempo são outros e a competitividade é muito maior!
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