02/12/2008

Kostia, Constantino Dmitrievich, Levine, o alter-ego de Tolstoi e o encontro com Deus

-As pessoas não se parecem umas com as outras, Constantino Dmitrievich. Há aqueles que que vivem para a barriga, e aqueles que pensam em Deus e na alma.
-Que queres dizer com isso?-quase gritou Levine.
- Viver para Deus, observar a sua lei. As pessoas não são iguais. Por exemplo, do seu lado também não viria mal ao pobre mundo.
-Sim, sim... até logo- balbuciou Levine, ofegando de emoção. E, voltando-se para agarrar a bengala, dirigiu-se a passos largos para casa. «Viver para a nossa alma, para Deus.» Estas palavras do camponês tinham achado eco no seu coração; e pensamentos confusos, mas que ele sentia fecundos, escapavam-se de qualquer recanto obscuro do seu ser para o deslumbrarem com com uma nova claridade.
(...) Eu e milhões de homens, no passado e no presente, tanto os pobres de espírito como os doutos que perscrutaram estas coisa e fizeram ouvir a propósito disto as suas vozes confusas, estamos de acordo sobre um ponto: que é preciso viver para o bem. O único conhecimento claro, indubitável, absoluto que temos é este; e não é pelo racíocinio que lá chegamos, porque a razão exclui-o, pois ele não tem causa nem efeito. O bem, se tivesse uma causa, deixaria de ser o bem, tal como se tivesse um efeito, por exemplo uma recompensa....Isto sei-o eu e sabemo-lo todos. Pode haver maior milagre?

1 comentário:

Teresa disse...

Pois...parece-me que a seguir ao Crime e Castigo do Dostoievski, me vou virar também para o Tolstoi.
Já vou naquele meio em que só me apetecer atrasar a leitura, para não chegar subitamente ao fim!
São arrasadores estes Russos!