06/07/2008

Sándor Marai o escritor húngaro

Li neste fim de semana o segundo livro traduzido e publicado em Portugal por este (inexplicavelmente) desconhecido autor, Sándor Marai," A herança de Eszter". Para dizer a verdade, foi o que me pareceu menos interessante de todos. O primeiro contacto com " As velas ardem até ao fim" foi para mim o encantamento imediato. Uma profundidade de análise que nos atinge directamente na alma, o vislumbre de um mundo requintado em que os valores da alta burguesia se confrontam com o seu fim. Uma sociedade que tal como em o "Leopardo" desaba com a destruição desses valores e se extingue irreversivelmente, tragada pelos nouveau riches, pelos arrivées, pelo apelo imediato do prazer e da saciedade dos instintos. Um tempo em que a longa espera não altera os sentimentos, em que o destino e a fatalidade une e separa os personagens. Mulheres que esperam, mulheres que manipulam, paixões fatais, amizades profundas, amores idealizados, "o mundo é um teatro". Em " A mulher certa", pressente-se o reflexo autobiográfico, a construção tripartida do romance envolve-nos numa visão, primeiro fragmentada, e finalmente holística da história. Foi para mim uma descoberta que provocou o sentimento reconfortante de um reencontro, de um mundo que todos, de alguma forma, conhecemos num tempo mais longínquo e nostálgico.
"O tempo passava e a vida tornava-se cada vez mais opaca em redor de mim. Os livros acumulam-se, adensam-se. E cada livro continha uma pitada da verdade e cada recordação insinuava que é vão conhecer a verdadeira natureza das relações humanas, porque nenhum conhecimento torna uma pessoa mais sábia."
Aconselho, sem reserva, "As velas ardem até ao fim".

2 comentários:

Teresa disse...

Há um mês à espera de tempo, tenho agora a certeza que vai ser nesta semana de férias que vou pegar nele!

magarça disse...

Também me encantou..