20/05/2008

Feira do Livro de Lisboa

Não posso concordar com António Mega Ferreira (entrevistado na Rtp2), que considera a Feira do Livro de Lisboa não como um acontecimento Cultural da cidade, mas sim comercial no essencial e que gostaria de a remeter para um espaço fechado como a FIL. A Festa da Música também não tinha o impacto cultural adequado e estamos muito melhor com os Dias da Música? Não perdoamos, são processos de empobrecimento irreversíveis e passos atrás no panorama cultural nacional. Parece-me que o próximo salto de Mega Ferreira passa pelos Paços do Concelho.... e ele não quer dizer!
Não posso concordar com Saramago que defende a existência de um modelo único de stand como um sinal de igualitarismo (?) em oposição a uma discriminação de classes?( O que é que é isto? ) Pavilhões diferenciados promovem discriminação? Viva a liberdade de criação, viva a diferença, desde que se cumpram regras e programas com cadernos de encargos rigorosos, parece-me a interpretação mais dinossáurica e deformada dos últimos tempos, com o devido respeito ao nosso nobel. E não tenho qualquer simpatia por Paes do Amaral e a lógica empresarial do grupo Leya.
Há concerteza muita coisa errada na organização da Feira do Livro de Lisboa, muitos e obscuros negócios e guerras de poder por detrás do pano, mas por favor, não a retirem do Parque Eduardo VII, de uma das melhores vistas da cidade por entre os Jacarandás em flor, uma ocasião única em que a cidade invade o Parque, contráriamente à sua fauna habitual de prostitutas e proxenetas.
Eu adoro a Feira do Livro no Parque, as crianças podem andar à solta sem trânsito perigoso perto, as sombras são múltipas e há uma infindável oferta de bancos e relva, e laguinhos com patos e sei lá o quê! Ainda me lembro do desastre que foi o ano em que desceu até ao Terreiro do Paço, em que se torrava ao sol como em pleno deserto ou quando era feita em plena Avenida da Liberdade sempre com o trânsito a correr e a poluição a entrar-nos pelo nariz.
A relação dos lisboetas com os parques da cidade tem que ser valorizada e estimulada e este acontecimento cultural ( cultural, insisto!) da cidade não pode ser remetido para uma das suas periferias e para um espaço fechado. Não se pode continuar a esvaziar o centro da Cidade das suas fontes de vida própria. Depois das machadadas proferidas nos direitos dos cidadãos lisboetas de fruírem do Parque Eduardo VII como Clubes de acesso reservado e outros, basta!

Sem comentários: