22/04/2008

Dias da Música

Não perco os Dias da Música no C.C.B. assim como não perdia a Festa da Música. Na comparação, a versão reduzida dos Dias da Música perde claramente, perde no ambiente festivo, perde na quantidade e variedade de concertos, perde na dimensão internacional que lhe dava o estar ligada à Folle Journée de Nantes, perdem claramente os nossos músicos e nós público também. Nunca consegui perceber se foi por motivos exclusivamente orçamentais ou se foi algum excesso de protagonismo que houve este recuo na ligação a este festival magnífico e popular que abria as portas a novos públicos. Mas é assim mesmo, há que saber aproveitar o que temos à disposição! O fim-de-semana apresentou-se chuvoso e na manhã de Domingo o C.C.B. contráriamente ao que se noticiava, estava assim como que para o deserto... fez-me pena, sinceramente, avistar o Mega Ferreira deambulando pelo seu enorme salão de festas desconsoladamente quase vazio. Há que sublinhar que os Dias da Música não passam só pelas salas de concertos, há uma enorme quantidade de programas paralelos e permanentemente a acontecer em todos os espaços públicos do C.C.B.. Os pianos à disposição do público com monitores a acompanhar se necessário, estavam vazios, os grandes hall's desertos estavam. O público em massa só apareceu lá para as três da tarde. Assisti a um concerto de Beethoven pelo septeto de cordas e sopros da Divino Sospiro, orquestra barroca residente no C.C.B., bonito, celebrava-se aqui o prazer de tocar junto (tema dos Dias da Música) e esse prazer é contagiante, passa para o público. Assisti à tarde no Grande Auditório a uma exibição extraordinária da Neue Hofkapelle Munchen,orquestra de música antiga ( com um curriculum notável), acompanhada pela soprano Sunhae Im, sul coreana, com uma voz lindíssima e com uma interpretação das áreas de Haendel expressiva, passando do dramatismo à comicidade com uma enorme naturalidade e perfeição. O concerto da tarde foi brilhante, empalidecendo a apresentação da manhã, para além do coloquial prazer de tocar juntos assistimos a um desempenho de excelência, a uma orquestra formando uma máquina perfeita com o maestro, um corpo uno. Para o ano temos Bach, bom, fantástico, divino Bach. Lá estarei com a família concerteza, as saudades da Festa da Música não me impedem de apreciar as inegáveis qualidades deste acontecimento único. Bem haja C.C.B.!

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