02/08/2010

Contos de Fada

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...
Promessas de alegria e a certeza de muitas dificuldades.

Espanto-me e surpreendo-me estupidamente, quando vejo alguns casais que aparentavam uma enorme solidez a não sobreviver às dificuldades da vida em comum. É claro que basta olhar para o umbigo e sabemos perfeitamente que as aparência iludem. Que por detrás das portas fechadas, há sempre outra face muitas vezes dramática, da intimidade partilhada, das rotinas degradantes, das obrigações discutidas ao milímetro e negociadas com dureza, do pouco ou nenhum espaço que sobra para as fadas, da vontade quase irreprímivel de desaparecer sem deixar rasto e mandar tudo para as urtigas. Afinal a vida é só uma, cada dia que passa é irrepetível e aproxima-nos cada vez mais do fim da história e da diminuição das hipoteses de felicidade se é que ela existe em algum lugar. Mas apesar de tudo, continuo convencida que as amarras que fazem sofrer são aquelas em que mais podemos descansar. Se calhar nunca acreditei em contos de fadas, desde cedo preferi os thrillers psicológicos. Recuso o divã da análise, prefiro manter encerrado o baú traumatizante da infância, sei que é lá que está a chave para a compreensão da vida adulta e das suas opções duras e aparentemente nebulosas. Por mimetização ou por rejeição a fonte das nossas escolhas adultas é fruto da infância e dos nossos pais. E hoje e nos nossos melhores anos é essa a nossa principal função, ser pais. E depois?
O que é que esperavam? Telenovelas?
Já dizia o saudoso César Monteiro a propósito do "Branca de Neve"...

Sem comentários: