16/02/2010

Carnaval.

Acabo de ler "Aparição" de Vergílio Ferreira e tropeço nesta descrição do Carnaval feita pelo personagem Alberto Soares:

" Passam na rua os primeiros comediantes daquela comédia pobre: homens de mulheres, de pernas peludas à mostra, para que o equívoco não se consume, homens gordos, acarnavalados com cartolas, com mascaras de carvão na face, com a exibição de uma degradação voluntária - arrepio-me, confranjo-me, tento achar o significado deste prazer no rebaixamento do cómico, neste aceno à animalidade, no gosto da assunção do grotesco, como se no homem se não calasse uma saudade reles, um eco grosso de enxúdia.(..)"
A descrição não pode ser mais fiel às imagens que passam por estes dias nas televisões dos desfiles de Carnaval de Ovar a Torres Vedras. Partilho desta mesma sensação de constrangimento e arrepio-me também.

1 comentário:

Bloca disse...

Faltou este nariz tucano!
Faltou o rolo de papel higiénico a fazer pandan com as berinjelas e o bolo em cima da mesa.
Faltou a sonoridade cadenciada, trompética, ritmada pelo fluxo nasal.
Não falto à próxima tertúlia!