31/08/2009

Vadiar com Larry e Somerset

Se há autor que sempre me acompanhou e a quem sempre regresso com um prazer redobrado, é Somerset Maugham. Em o Fio da Navalha, o carácter de Larry Darrell com a sua vida aventurosa dedicada na inquieta demanda interior de Deus ou da razão, sempre me fascinaram até à obsessão. Desde o início do romance que Larry apresenta simplesmente o seu destino de vida chocando tudo e todos, vadiar pelo mundo na busca de uma verdade que ele não sabe como, nem onde descobrir. Esta demanda alimentou na minha adolescência um ideal romântico de vida, quem poderia não se apaixonar pelo espírito livre, por aquele desprendimento no que toca às coisas terrenas, pelo ascetismo e espiritualidade, pela disponibilidade e abertura para aqueles que cruzassem o seu caminho, impossivel não nos rendermos. Diálogo entre Somerset himself e Larry quando jovem.
-Que procura? Hesitou durante alguns segundos. -Aí está. Ainda não sei ao certo. (...) -Bom, sabe que, quando uma pessoa não consegue fazer nada, faz-se escritor- disse eu rindo. -Não tenho talento. -Mas, então, que pretende fazer? Dirigiu-me um dos seus sorrisos radiosos, fascinantes. -Vadiar - respondeu.
"The man I am writing about is not famous. It may be that he never will be. It may be that when his life at last comes to an end he will leave no more trace of his sojourn on earth than a stone thrown into a river leaves on the surface of the water. But it may be that the way of life that he has chosen for himself and the peculiar strength and sweetness of his character may have an ever-growing influence over his fellow men so that, long after his death perhaps, it may be realized that there lived in this age a very remarkable creature."

W. Somerset Maugham, THE RAZOR'S EDGE

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