20/12/2007

O Bairro do Amor I

É uma relação de amor aquela que mantenho com Campo de Ourique. Nada me dá mais prazer do que entrar em Lisboa pela fresca e tranquila rua Ferreira Borges num domingo quente de Verão, tomar o pequeno-almoço nas apertadinhas mesas da Ertilas acompanhada pelos habitués do fim-de-semana, passear pelo Jardim da Parada ou simplesmente deambular pelo comércio do bairro e cumprimentar as pessoas de sempre, o Luís da Ler, o Zé da Lavandaria, a D.Glória do quiosque dos jornais e por ai fora.

É um bairro feito de pessoas, pessoas que têm um nome e uma vida ligado ao bairro. Construído para que as pessoas se sintam bem, novos e velhos, ricos e pobres, os loucos e os mais sãos, todos eles convivem e partilham este espaço de forma muito saudável, diria mesmo feliz. MST descreveu de forma exemplar, o que me encanta em Campo de Ourique:

“Depois, as pessoas fazem o resto: andam na rua sem pressa nem atropelos, param para conversar à porta das lojas, saúdam-se nas esquinas, passeiam as crianças, os velhos ou os cães, namoram ou lêem o jornal nas esplanadas, almoçam a horas certas na sua mesa de sempre dos seus pequenos restaurantes, numa palavra, vivem a cidade, não se limitam a sofrê-la ou a passar por ela. Certamente que aqui também há gente triste, sozinha, com vidas terríveis. Mas, pelo menos, a rua não os agride: conforta-os, distrai-os e, acima de tudo, dá-lhes um sentido de pertença a uma comunidade…”.

Sem comentários: