20/09/2007

Foi assim.

Acabei agora mesmo de ler o livro de Zita Seabra. Deixo-vos com as suas últimas frases: "Quando se sai de um partido comunista, como foi o meu caso, muitos consideram que os ideais pelos quais lutaram estavam certos e são ideais que trazem como um bem precioso ao abandonar o Partido, deixando a quem lá ficou a herança má, a que envergonha. Nada melhor quando se sai de um partido comunista, por dissidência ou desistência, do que encontrar a coerência do bem da mensagem, deixando o resto - o estalinismo, as vítimas, a URSS, o Gulag, as eleições fantoches - à direcção do PCP, ao Dr. Álvaro Cunhal. Levei algum tempo a perceber que essa é uma atitude de desonestidade intelectual que nos afasta da verdade. E só a verdade nos libertará. Que ninguém diga que ignorava: os comunistas portugueses sempre souberam de tudo. Nunca o PCP disse uma palavra sobre as vítimas do comunismo, como se não existissem. O pior, porém, é dizermos a nós próprios, em nome da superioridade moral dos comunistas, que não queremos saber. Mas não me julgue, porque não tem autoridade moral ou ética para o fazer, aquele que não lutou pela liberdade em Portugal quando não a tínhamos, e que passou pela sua geração sem a ver. Comigo, foi assim."

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