02/08/2007

A Madeira e a República.

No seu texto de hoje, no Diário de Notícias, Maria José Nogueira Pinto refere que a legislação sobre o aborto foi feita "à trouche-mouche", acrescentando de imediato que "devemos esperar mais de quem legisla, sobretudo em matéria tão delicada", no que tem toda a razão...tivesse ficado por aqui (argumento que, no entanto, nunca vi na boca de Alberto João). Mas Nogueira Pinto prossegue contestando a pergunta feita no referendo: "Honestamente, para que a lei, saída de um referendo cuja pergunta estabelecia, à partida, condições quanto ao modo - quem e onde se pode praticar o aborto - e quanto ao prazo - as dez semanas de gestação -, fosse exequível (ainda que para mim sempre iníqua...) o sistema de saúde precisava, objectivamente, de meios e tempo para organizar uma resposta efectiva e em tempo útil". Dando-lhe ainda razão em relação à necessidade de uma resposta efectiva do sistema de saúde, já não se compreende as suas críticas à questão colocada em referendo (ou talvez se compreenda, uma vez esta para ela será "sempre iníqua"). Chegados aqui, temos dois problemas: a) uma legislação atabalhoada e b) um sistema que não está preparado. Mas, para Nogueira Pinto, resolvê-los "será sempre à custa de menos e pior acesso de mulheres com doenças ginecológicas e oncológicas, e do rateio do financiamento". Ou seja, os problemas que identifica não são, afinal, problemas, nem muito menos, Nogueira Pinto os quer ver resolvidos. Nogueira Pinto ouve "com alívio, a voz da Madeira" o que a Madeira não diz.

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