20/10/2007

Não somos todos, afinal, permanentes viajantes?

"…- Caminhas sempre de cabeça virada para trás? – ou: - O que vês está sempre nas tuas costas? – ou melhor: - A tua viagem só se faz no passado? (…) Marco entra numa cidade; vê alguém numa praça viver uma vida ou um instante que poderiam ser seus: no lugar daquele homem agora poderia estar ele se tivesse parado no tempo muito tempo antes, ou se muito tempo antes numa encruzilhada em vez de tomar uma estrada tivesse tomado a oposta e ao cabo de uma longa volta viesse encontrar-se no lugar daquele homem naquela praça. Agora, daquele seu passado verdadeiro ou hipotético ele está excluído; não pode parar; tem de prosseguir até outra cidade onde o espera outro seu passado, ou algo que talvez tivesse sido o seu possível futuro e agora é o presente de outro qualquer. Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos. "
Italo Calvino em "As Cidades Invísiveis"

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